Entrevista Fred

“Aparentemente simples, não é uma coisa muito complicada, mas para chegar ali, para mim, foi difícil.  Tive de mergulhar naquilo para conseguir chegar ao meu objetivo e estou muito contente com o resultado.  ” 

Publicado no dia 6 de Maio de 2023

Fred Ferreira é um nome que pode passar despercebido a muita de gente, mas não é por isso que tem menor importância. A música corre no sangue de Fred. Filho de Kalu, baterista dos Xutos & Pontapés, começou a tocar bateria desde cedo, e cresceu num ambiente onde pôde aprender com os melhores tudo sobre o mundo da música. Faz parte dos mais variados projetos tais como: os Orelha Negra, os 5-30 e a Banda do Mar. Fred tem também uma carreira a solo, tendo já lançado três discos: O Amor Encontra-te no Fim (2019), Series Vol 1 – “Madlib” (2021) e Mãos No Fogo (2023) que foi feito em colaboração com a Regina Guimarães.

Em fevereiro tivemos o prazer de conversar com o Fred no seu estúdio. Falámos sobre a vida, sobre o equilíbrio e conversámos um pouco sobre cada um dos seus projetos a solo. O Fred, tal como a sua música, apresenta uma sensibilidade rara nos dias que correm. Foi essa sensibilidade e disponibilidade que tornaram esta conversa tão interessante e importante. Espero que gostem de ler a entrevista, tanto quanto nós a gostamos de fazer. 

Recomendamos que tenham o Spotify do Fred aberto ao vosso lado enquanto leem a entrevista, para que possam ouvir qualquer uma das músicas mencionadas, se o desejarem.

Olá Fred. Alguma vez questionaste se a música era de facto a carreira que pretendias seguir e se essa carreira podia de facto vir a dar-te estabilidade financeira?

É uma coisa na qual penso todos os dias. É a profissão que escolhi, mas tenho consciência que é uma carreira na qual é preciso trabalhar muito por conta própria. Depende muito de ti, do teu foco, concentração e empenho. E também depende um bocadinho de sorte. De conseguires que o teu trabalho chegue a mais pessoas. Porque acaba por ser no fundo o feedback das pessoas e o facto de te quererem ouvir e ver ao vivo, que vai fazer com que possas continuar uma carreira que seja financeiramente sustentável. 

Felizmente tenho conseguido seguir esse meu sonho, mas acordo todos os dias com uma vontade e uma concentração enorme para não deixar que isto caia. Ainda agora tu estavas a montar as coisas. Tenho ali o meu caderno onde escrevo todas as manhãs tudo o que tenho para fazer durante o dia. Era o que estava a fazer. Neste caso, trabalho de estúdio que tenho para fazer, contagem de merchandise que acabou de chegar do novo disco que acabei de lançar com a Regina Guimarães, ir aos correios mandar encomendas, preparar as coisas para os concertos que vou ter durante o fim de semana. Portanto há uma quantidade de coisas que tens de fazer para manter a máquina a rolar.  

Entre 2000 e 2010 criaste vários projetos entre os quais: a tua primeira banda Yellow W Van, os oioai, os Dias de Raiva e os Orelha Negra. Mais tarde integraste projetos como os 5-30, a Banda do Mar e os dapunksportif. Quando refletes nesse período da tua vida qual é que é a maior aprendizagem que retiras desses anos? 

Quando tinha 21 anos, fui convidado para tocar como músico contratado numa banda. Isso faria com que deixasse de trabalhar num café, para me dedicar 100% à música. Nessa altura aconselhei-me com o Zé Pedro dos Xutos, que me disse que achava que eu não devia fazer isso e que devia continuar a tocar com os meus amigos. Lembro-me de ficar muito preocupado com a decisão que teria de tomar porque iria apenas ser um músico contratado, numa banda onde não conhecia ninguém, mas por outro lado ia resolver-me a vida no sentido em que poderia sair do café e começar a trabalhar só em música. Tinha de tomar essa decisão num dia ou dois e decidi não aceitar. Então mantive-me no café e fiquei sempre a tocar e a fazer projetos com os meus amigos.

Essa foi a maior aprendizagem que tive, porque apesar do caminho ter sido muito mais longo até conseguir ter independência financeira e estar só a trabalhar em música, consegui criar muitos projetos. Se fosse músico contratado para bandas, não o conseguiria ter feito. Foi uma decisão muito boa na altura, que me custou durante uns tempos. Porque continuei a trabalhar no café e pensava: “Fogo, se tivesse decidido aquilo já não estaria aqui, já estava a tocar”. Mas a partir daí surgiram tantas coisas boas, como os Orelha Negra, ou a hipótese de poder tocar com o Sam The Kid, desde o Pratica(Mente), que mudou a minha vida. Ter feito as digressões todas com os Buraka Som Sistema durante uns anos, fez-me viajar pelo mundo inteiro, o que foi espetacular. Fazer os 5-30, a Banda do Mar ou tocar com a Malu Magalhães. A decisão de tocar com os meus amigos foi uma aprendizagem grande porque mudou a minha vida. O caminho foi mais longo, mas é um caminho, que agora, olhando para trás me deixa bastante contente.

Além de teres uma carreira a solo formidável, integrares diversas bandas e produzires outros artistas também compões música para cinema, teatro e publicidade. Como é que enveredaste por esta opção profissional?

Isso já é um projeto mais recente com cerca de 10 anos, mas que no fundo aconteceu naturalmente. Eu pensava muito nas digressões e no esforço que tens de fazer. E no facto de não depender apenas só de ti. Pensava muito na questão de poder fazer digressões grandes, que também dão algum retorno, para poder ter dinheiro para viver, e pensei sempre em começar a construir algo paralelo, ligado à música, mas que fosse outra fonte de trabalho. Ou seja, não é estranho por mim estar num estúdio e produzir, portanto, não seria estranho para mim estar dentro de um estúdio e produzir também música para publicidade, teatro ou cinema. Então fui trabalhando e continuo a trabalhar nesse sentido e ajuda-me porque consigo ter mais coisas para fazer e dá me uma estabilidade financeira que me permite viver dentro das minhas espectativas. Não deixo de estar no estúdio, é um trabalho criativo, tem a ver com música e é uma parte da minha vida que me deixa muito feliz.

Sentes que é algo que te ajuda a fugir à pressão da constante procura pelo teu próximo disco?  Não se torna overwhelming estar sempre a pensar no próximo passo?

Torna-se sim. Às vezes sou um bocado hiperativo nesse sentido. Acabei este disco com a Regina e já estou a pensar num novo. É isso que me move. Gosto de olhar para trás, ver o que é que fiz mal, tentar corrigir, e olhar para a frente, ver o que é que quero fazer, onde é que quero estar daqui a um ano e como é que me quero estar a sentir. Às vezes é cansativo, mas para mim é sempre muito desafiante e compensador pensar nas coisas dessa forma. Também aproveitar o momento presente, tentar o melhor possível, fazer as coisas todas, aprender sempre mais e mais. 

Recentemente compuseste a banda sonora da presidência portuguesa do conselho da UE. Porque é que decidiste juntar uma sonoridade eletrónica com o som da guitarra tradicional portuguesa?

Isto são projetos que já estão mais relacionados com empresa, que na verdade sou eu. Na parte da empresa, a tua criatividade existe, mas já segues um briefing do teu cliente. Não é um disco em que fazes o que te apetece. Na altura, foi me falado exatamente sobre isso, um lado português que pudesse ter talvez guitarras portuguesas, mas acompanhado por algo mais contemporâneo. Logo aí teria de fazer esse exercício de juntar qualquer coisa tradicional portuguesa com um lado mais moderno. E estudei nesse sentido, depois comecei a desenvolver o trabalho até chegar à versão final com a qual fiquei muito satisfeito.

Os Orelha Negra começaram com cinco amigos músicos que já se conheciam há algum tempo e que gostavam de improvisar entre concertos. Daí nasce uma banda. Após três álbuns e duas mixtapes lançadas, 12 anos depois, pergunto-te: O que é que o projeto Orelha Negra significa para ti?

Sempre pensámos em divertirmo-nos juntos. E isso é algo que efetivamente acontece hoje em dia e que sempre aconteceu. Essa ideia de poder estar rodeado de músicos e amigos que admiro tanto, poder fazer música e aprender com eles. Podermo-nos desafiar a nós próprios e à nossa técnica e a fazer coisas que não estamos habituados a fazer de disco para disco. Vamos treinando, ensaiando e desenvolvendo as nossas técnicas. Essa é a nossa maior vitória. É uma banda que lá está, funde muitos géneros. Aquele é se calhar o grupo que me representa mais no sentido de ser o projeto onde nós juntamos mais géneros musicais. Do Jazz ao Hip-Hop do Funk ao Soul. É algo eclético.

No Ar, Antena 3.

“Ready” – Orelha Negra.

O teu primeiro disco a solo, O Amor Encontra-te no Fim, foi algo muito pessoal e introspetivo, feito numa sala sozinho com dois microfones e uma bateria. “Uma procura do caminho para o teu bem”, já disseste tu. Que te fez mergulhar numa viagem que teve coisas tão boas como más. Porque é que sentiste necessidade de “procurar o caminho para o teu bem”?

Porque a vida surpreende-nos às vezes. Sou uma pessoa bastante sensível em relação ao nosso estado mental e à maneira de sermos connosco próprios e com aqueles que nos rodeiam. Acho muito importante ao longo da tua vida parares para refletir sobre como é que as coisas estão a correr. Às vezes na vida que temos, e com esta correria toda, tudo passa muito rápido e tu de repente estás tão embrenhado no teu trabalho, nos teus projetos e nas concretizações dos teus objetivos que te esqueces de parar, de ouvir os teus amigos, de construir e fortalecer as relações que tens. Nessa altura, senti que estava há muitos anos concentrado num objetivo e que me esqueci de cuidar de mim e das pessoas de quem gosto. Então foi uma altura de grande reflexão e daí ter surgido a necessidade de fazer um disco. Não foi muito pensado. Foi natural, encontrei-me nesse momento, estava muito pensativo, fui fazendo as músicas, e de repente tinha ali 40 músicas, e escolhi 15 para contar o que estava a sentir.

Já disseste que fazer este disco foi algo muito solitário para ti. Que papel é que o centro de meditação Kadampa  Deuachen teve nessa fase da tua vida?

Foi importante porque é um sítio onde fui e vou algumas vezes para poder parar um bocadinho, respirar, estar comigo, pensar melhor, descansar e sair do meu habitat natural. Dei por mim lá, num retiro de silêncio, uma coisa que nunca tinha feito na vida, durante alguns dias, com pessoas que não conhecia, o que foi estranho no início. Passado um dia estava completamente habituado e disponível para absorver tudo. Ouvir experiências de outras pessoas, perceber porque é que elas estão ali e que os meus problemas são muito parecidos com os problemas dos outros e muitas vezes essa procura interior e essa calma que nós perseguimos não nos cai do céu. É preciso trabalhá-la e é preciso procurar soluções para o nosso equilíbrio, que é fundamental para conseguirmos fazer o nosso trabalho. Então, esses retiros a que recorro algumas vezes são muito bons. São sítios que te obrigam a parar, a pensar, a estar contigo e a ouvir os outros. Essa ida para o templo budista, as viagens que fui fazendo sozinho depois disso, ajudaram-me a desempoeirar esse amor que eu tinha aqui, a pegar nele outra vez e tentar trabalhá-lo como deve ser e ainda hoje continuo esse trabalho.

No teu segundo disco Series Vol.1 – “Madlib” reinterpretaste a obra do produtor e compositor Norte Americano Madlib. Já mencionaste que foi difícil encontrar a maneira certa, de reinterpretar o trabalho do Madlib. Como é que encontraste o ambiente certo que querias para este álbum?

Comecei por fazer uma banda, convidei alguns amigos meus para começarmos a tocar. Nos primeiros concertos ainda tocámos várias músicas desde J Dilla, De La Soul e Madlib. Eu estava a ficar contente com o resultado, mas não fazia sentido para mim editar um disco em que reinterpretasse a obra de várias pessoas. Queria focar-me num artista. Nessa altura eu pensei: O Madlib é um artista que eu sigo há muitos anos, tem um catálogo enorme e é muito eclético. Vou contactá-lo para saber se posso fazer isso. Contactei, deram-me autorização e depois fui para estúdio, um bocadinho sem saber o que é que ia acontecer. 

Nós não ensaiámos, eu sabia o que é que queria. Primeiro, ouvíamos a música original, depois falávamos um bocado sobre o possível arranjo e gravávamos. Ao fim de uma semana tinha 20 músicas. As músicas ainda não estavam misturadas e estava a ouvir e pensei: “Ok, está bem, mas isto precisa de um fio condutor, precisa de ser criado um universo à volta disto”. Demorei uns meses até ir para as misturas e foi nas misturas que eu mexi realmente no disco. E dei-lhe aquela abertura mais espacial que acho que o projeto tem. Tirar pormenores, tirar instrumentos, pôr mais reverbs e delays. Ou seja, este foi um disco, em que criativamente, foi muito importante a parte da mistura porque mexeu realmente no disco. Foi um álbum que me deixou muito feliz. Vinha de um disco muito solitário e queira voltar a um espaço que pudesse partilhar com outras pessoas. E a partir daí criar música. 

No teu último disco Mãos No Fogo (2023) colaboraste com a Regina Guimarães. De onde é que veio a vontade de trabalhar com a Regina em específico e incorporar poesia na tua música?

A poesia sempre existiu na minha vida por causa do Hip Hop. A Regina é uma pessoa muito importante e que sempre me fascinou desde pequeno porque ela escreve as letras dos Três Tristes Tigres que é uma banda na qual tive a sorte de entrar há três anos. Eu andava com a ideia de fazer um disco em que pudesse explorar outro tipo de sonoridades. Em que saísse da bateria para fazer outro tipo de trabalho. E que houvesse uma voz marcante a ler os textos, com os quais me identificasse, mas que não fosse poesia declamada, mas sim lida. Como se fosse uma conversa ou uma história. A Regina foi a primeira pessoa que me veio à cabeça.

Contactei-a e a Regina aceitou fazer uma experiência, fui a casa dela, gravei-a a ler e comecei a trabalhar. E pronto, depois fui mais uma vez, mais uma vez e mais uma vez e foi um projeto que me deu um gozo tremendo a fazer. Fiquei o ano passado todo, debruçado sobre isso. Acho que o disco resultou da solidão toda que houve durante a pandemia. Passei esses dois anos praticamente sozinho aqui no estúdio. Então é um disco profundíssimo para mim. Aparentemente simples, não é uma coisa muito complicada, mas para chegar ali, para mim, foi difícil.  Tive de mergulhar naquilo para conseguir chegar ao meu objetivo e estou muito contente com o resultado. 

Foi difícil compreender o universo da Regina?

Eu acho que nós devemos saber estar. Saber o nosso lugar. Há bocado falávamos dos Orelha Negra. Percebê-los para saber onde me posso encaixar. Aqui é exatamente a mesma coisa. Eu tenho de perceber a Regina para saber como é que me posso encaixar ali. Não quero ter mais destaque. Quero trabalhar para que o conjunto funcione. A minha música não se destaca perante as palavras dela e, no fundo quero que isto toque nas pessoas como me tocou a mim. 

 

Que importância é que a natureza teve para ti no processo de fazer este disco?

Comecei a ter muito mais contacto com a natureza do que alguma vez tinha tido. Comecei realmente a perceber que aquilo é um sítio que me transmite uma grande consciência, paz, uma série de coisas que me ajudam. O ponto de partida deste disco com a Regina, começou por ser a natureza. Eu estava no meio de um local e com um telefone gravava os sons que me rodeavam, começava a sentir o barulho da natureza, a compreender a voz da Regina e a partir desse ponto comecei a criar as músicas.

Porque é que o disco se chama “Mãos No Fogo”?

Foi um título da Regina. Tem muito a ver com o ato de confiar cegamente numa pessoa. Tu metes as mãos no fogo por alguém e muitas vezes queimas-te por isso. Esse ato de confiar cegamente em algo. E é preciso ter cuidado com isso, porque, e isso já sou eu a falar por mim, partimos sempre dessa ideia e arriscamo-nos pelo outro e às vezes corre mal. Se bem que também pode correr bem. 

Qual é o objetivo e narrativa por detrás dos vídeos com aguarelas que acompanham as músicas deste disco no Youtube?  

Essa parte do projeto foi feita com a minha prima Maria e tem uma edição do Pedro Semedo. Na altura eu pedi-lhes algo que não fosse literal, que não remetesse a uma imagem, mas que transmitisse uma sensação de movimento e textura. Se a Regina falar de mortes não quero ver uma pessoa morta, quero sentir movimento. Gosto desse lado abstrato das coisas, de ver a beleza do movimento da tinta e como é que os elementos se fundem, a tinta com a água, sem te remeter para uma imagem. Nesse sentido, tentei que tudo fosse abstrato no disco para cada um de nós poder fazer a sua leitura do disco. Lá está, eu sinto aquilo duma forma, tu sentirás doutra e outra pessoa sente de outra. 

Mãos No Fogo  – Fred e Regina Guimarães.

Qual é que é o maior ensinamento com que sais desta experiência, que tenha advindo da convivência com a Regina ao longo da produção do disco?

A Regina nunca se pôs no lugar de estar a ensinar alguma coisa. Eu é que me coloquei na posição de absorver tudo. A Regina, sem ter de dizer nada, ao ler-me os seus poemas já me estava a modificar. Eu ouvi, uma larga centena de vezes, cada poema desses, durante o ano passado todos os dias, para conseguir chegar aquele sítio. Aquilo entrou-me cá dentro de uma maneira, e isso foi o maior ensinamento que tive. Essas palavras. “Porque em obras e pecados, a minha morte se conquista”. Isso para mim é um ensinamento. Foi aí que me agarrei em tudo. Todas as palavras delas, todos os textos dela e todas as coisas que eu ainda tento decifrar. 

A música “Fuligem” termina com os seguintes versos: “Assim como noutro texto me desencontrei, seio de fonte seca. Que alguém me perderá de vista, porque em obras e pecados, a minha morte se conquista.” Porque é que decidiram terminar o disco desta maneira e o que é que estes versos significam para ti?

“Porque em obras e pecados, a minha morte se conquista” foi a frase que mais me bateu durante o ano passado todo. Não te consigo dizer o que é que a Regina quer dizer com isso.  Sinto que o nosso caminho é feito de vitórias, derrotas, erros, coisas bem feitas e coisas mal feitas. Tudo isso, vai ser a tua história. A Regina fala da morte, desse sítio para onde todos nós vamos, e do qual muitas vezes temos medo, de uma forma bonita. Essa passagem para esse sítio é feita dessas obras e desses pecados. A balança tem essas duas coisas, não podes ser só bom ou só mau. A única razão pela qual pus essa música no fim, foi essa frase, porque para mim é o que resume exatamente tudo o que nós somos na verdade e o que é que estamos aqui a fazer.

Podem encontrar o Fred no Instagram.