Entrevista POTTER

“Eu faço Hip Hop, mas faço-o bem feito. Não o faço à pressa. Faço-o com essência. “

Publicado no dia 3 de Dezembro de 2022

Miguel (Mike) Ramires, também conhecido por POTTER é um músico, guitarrista e produtor português. Tem vindo a produzir música ao longo dos últimos 5 anos e durante este período trabalhou com artistas de Hip-Hop, entre eles o Real GUNS, com quem criou e produziu com mestria Escrevo Com Sangue, um dos EPs mais refrescantes do panorama nacional no ano que passou. O Mike também se aventurou no Rock, quando em 2021 produziu e gravou o introspetivo álbum Screaming Butterfly, em conjunto com a sua banda Samsara.

O Mike pode ser caracterizado como eclético e como alguém bastante provável de fundir Hip-Hop com Jazz e Rock. A quantidade de trabalho e atenção ao detalhe que o Mike coloca na sua arte é facilmente notável ao ouvir qualquer música que ele tenha produzido. No dia 26 de março de 2022, tivemos a oportunidade de conversar com o Mike durante um belo passeio em Monsanto. Normalmente, podemo-lo encontrar sentado à frente de um computador com uma guitarra nas mãos, à frente de uma mesa de mistura ou de uma estação de produção, a ajudar outros a brilhar. Mas hoje, é o Mike quem brilha.

Recomendamos que tenham o Spotify aberto ao vosso lado enquanto leem a entrevista, para que possam ouvir qualquer das músicas mencionadas, se o desejarem.

Como é que a música apareceu na tua vida?

Tudo começou com a guitarra, que surgiu como atividade extracurricular na escola primária. Foi algo que me agarrou desde cedo. 

Sempre soubeste que querias produzir ou foi algo que surgiu mais tarde?

O meu percurso começou como guitarrista e não como produtor. Eu compunha algumas melodias, mas nunca gravei nada durante muito tempo. Foi bom para treinar o ouvido. 

Quando mais tarde, comecei a produzir, encontrar notas e fazer instrumentais já era automático. A parte mais difícil foi aprender os processos técnicos. O Youtube foi essencial para isso.

Quando tinha 16 anos comprei uma placa Scarlett. Comecei por gravar guitarras no PC. Um dia fiz um remix do “XO Tour Llif3” do Lil Uzi Vert no Logic. Nesse momento, ao compreender como se fazia um remix, compreendi como se produzia. Houve uma espécie de clique na minha cabeça. 

Desde esse momento, tenho lido constantemente sobre todos os processos técnicos, sobre o hardware, o software e novas tecnologias. A produção musical é um mundo gigante que está sempre a evoluir. E eu tenho de me manter a par.

Cresceste a tocar que tipo de música na guitarra?

Blues. B.B. King, Buddy Guy, Eric Clapton, John Mayer, Stevie Ray Vaughan, Jimi Hendrix. No fundo todos os guitarristas que me inspiram. Sei que se alguma vez tiver de tocar com uma banda de Blues, vou dar um espetáculo. Também curtia muito de tocar Metallica e Red Hot.

Como foi estudar numa escola jesuíta como o São João de Brito? 

Agradeço muito a sorte de ter andado num colégio, porque foi um privilégio. Estou agradecido pelos valores que me foram passados não só em casa, como na escola. Por outro lado, há muita formatação nos colégios. As pessoas que estão lá são do mesmo círculo e muitas pensam da mesma maneira. Isso pode ser mau. Felizmente sempre consegui manter a cabeça e o espírito aberto e acho que a música e a cultura ajudaram. 

Que influência é que os teus pais tiveram em ti? 

O meu pai é engenheiro, mas em tempos foi DJ numa discoteca chamada Maria Bolachas, em Sintra, portanto eu cresci com o meu pai a ouvir boa música. Rock, Bossa Nova, um pouco de tudo. A minha irmã também foi sempre uma pessoa importante para mim. Ela canta e sabe tocar guitarra e piano. Nunca produziu ou gravou, mas é uma pessoa muito culta e sempre me passou boa música. A minha mãe é pintora e sempre esteve ligada às artes.

No fundo fiquei com a parte criativa da minha mãe, com o talento musical da minha avó paterna que era pianista e com o conhecimento técnico do meu pai. 

Como é que foi o teu rumo pós-secundário?

Estudei Design no IADE durante um ano e meio, se bem que não terminei a licenciatura, porque decidi que queria mudar para um curso de Ciências e Tecnologia do Som na Lusófona. É um curso de design de som bastante focado em cinema. Apesar de também não o ter terminado, foi um curso interessante que me deu bastantes bases para eu desenvolver mais tarde. 

O Covid influenciou o teu percurso como produtor musical?

Durante a quarentena fui para a minha casa em Sintra. Tive uma quarentena tranquila. Estive muito tempo sozinho a jogar videojogos e aproveitei para me abstrair da música. Estive mais focado a acabar as cadeiras do curso de Sound Design

No verão de 2020 conheci o Pryde e o Goshi em Sintra, que mais tarde se tornaram grandes amigos meus. Eles tinham um estúdio ao lado da minha casa. Tanto que os meus últimos verões têm sido passados a produzir música e a divertir-me. Quando vou para lá, acabo por abstrair-me de produzir profissionalmente e produzo por pura diversão. Se bem que já lá estive temporadas a produzir no inverno de forma mais profissional.

Quando é que percebeste que te querias dedicar a 100% à música?

Esse momento foi exatamente durante o verão de 2021. Nessa altura tinha lançado o projeto dos Samsara, já tinha produzido o EP Changes do BCKAPPA e estava quase a terminar o segundo ano do curso de Sound Design, mas o que eu queria realmente era produção musical.

Tentei procurar mais cursos de produção bons em Portugal, mas não encontrei nada, portanto decidi dedicar-me a 100% à produção musical. Entretanto, conheci o Manuel Carvalho (Carvo) que é um grande amigo que também produz e me motivou bastante. 

Sentes que devia haver mais cursos qualificados de produção musical em Portugal?

Acho que devia haver uma forma de valorizar as pessoas na área da música que dê mais credibilidade e mais profissionalismo ao cenário musical português. Há poucas licenciaturas nesta área em Portugal. Se eu quiser ser engenheiro de som em Portugal, há poucos ou nenhuns cursos para tal. E os que existem têm acessos difíceis e poucas vagas.

Como é que a tua banda Samsara surgiu?

Samsara surgiu no colégio com o meu amigo Rodrigo Pina. Um dia eu levei a guitarra e o amplificador para a escola e ele pediu-me para tocar. A partir daí começamos a baldar-nos às aulas para irmos para casa tocar. 

A partir desse momento surgiu um álbum chamado Screaming Butterfly.

Esse álbum é um dos meus trabalhos favoritos. Nunca o vou esquecer. Foi quase tudo gravado no meu quarto. Foi uma aventura. Foi uma descoberta, aprendi muito e foi a minha primeira vez a tocar em banda. 

Como é que é tocar numa banda para ti?

É como se estivéssemos a fazer amor. Todos eramos um só. Quando isso acontecia, era lindo. É mais difícil atingir essa ligação no Hip Hop, mas tenho essa ligação com o Real. Aprendi uma frase no meu colégio que é “Fazer o bem, bem feito”. Isso aplica-se à música que eu faço. Eu faço Hip Hop, mas faço-o bem feito. Não o faço à pressa. Faço-o com essência. 

Que seria da música sem os produtores?

A música é uma linguagem universal. Eu trabalho com artistas franceses. Nós mostramos-lhe os sons do Real GUNS. Eles não percebem nada, mas sentem. Eles sentem por causa da energia que o artista mete na voz como é óbvio. Mas muito importante, sentem por causa do instrumental. Sem o instrumental eles não iam sentir.

Como é que trabalhas com os teus artistas?

Eu produzo os meus artistas de raiz. É um projeto integral como se fazia antigamente. Nós temos uma equipa toda envolvida nos projetos. Chegámos a ter músicas feitas por 3 ou 4 produtores em que eu só fazia a mistura. Mais 3 ou 4 videógrafos e mais um fotografo. É como uma equipa de futebol. Cada um tem a sua posição.  

Como é que financiam esta produção?

É aí que toca a parte do amor. Muitos de nós não recebemos. É por amor e para dar os frutos no futuro. Por enquanto muitos de nós estamos a remar contra a maré. Felizmente encontro-me numa posição em que me posso dar a esse luxo. Mas não me canso porque adoro o que faço e porque tenho objetivos definidos. Tenho a certeza que vai valer a pena. 

Tudo é divertido quando o levas como um hobby. Agora, quando a tua vida é fazer música tens de o levar de uma forma mais profissional. Quando estou no estúdio estou lá para trabalhar. 

Sentes que é importante separar o espaço de trabalho do espaço de descanso? 

Eu quase não produzo em minha casa. Como vivo em casa dos meus pais nem sempre tenho a oportunidade de fazer sessões à vontade. Porque o artista tem de estar confortável e ao mesmo tempo a casa é dos meus pais e eles também têm de estar confortáveis. Apesar de me facilitarem fazer sessões lá em casa, acabo sempre por fazer alguma cerimónia. 

Eu gosto de ir a estúdios de pessoas e ficar sentado no meu canto a observar os outros trabalhar. Ao observares um profissional competente da tua área, vais sempre aprender: Desde a descoberta de novos workflows e novas formas de trabalhar.

Sentes que a teu estilo de produção tem uma marca única que te identifique como o POTTER?

Esse clássico toque da guitarra é o que faz de mim o POTTER. É essa junção das baterias feitas no computador com a parte orgânica da guitarra que cria essa sonoridade específica. Esse balanço do orgânico/digital ao qual chamo “Black and White” acaba por ser interessante. Tento jogar com isso. Tem tudo a ver com a música que eu ouvi, com a cultura que eu vivi e com os sítios por onde eu passei. 

O que é que te difere de um mero beatmaker?

Existem beatmakers e existem produtores. Eu sou um produtor e, portanto, um beatmaker. Mas não basta seres um beatmaker para seres um produtor. O beatmaker normal rege-se muito pelo type beat, o que limita a criatividade dentro do Hip-Hop. É música feita à pressa, sem essência nem energia. 

Ter e saber tocar mais do que um instrumento é essencial para o meu estilo de produção. Eu toco guitarra, piano e baixo e dou uns toques de bateria. Gostava de aprender a tocar saxofone. Acrescentar saxofone à guitarra ia elevar os meus instrumentais para outro nível. 

Porque é que dás tanta importância à relação artista-produtor?

Eu gosto que haja uma relação com os artistas com quem trabalho. Acredito que isso traz qualidade à música. Um momento importante é o momento da partilha dos frutos. 

Tudo depende da energia que é depositada. Se tivermos tido uma semana mais complicada, nós vamos fazer um som mais profundo, se eu estiver mais feliz e o Real mais triste vai ser um som feliz, mas o Real vai entrar na música de uma forma mais profunda. 

Qual é que achas que é a maior diferença entre a música lá fora e cá em Portugal? 

O público. Há um público muito maior, há mais consumo, por isso há mais oferta e há mais oportunidades para todos. Há mais dinheiro, há mais facilidade em trabalhar e em ter budgets para os projetos.

Nos últimos tempos tens vindo a trabalhar muito com o Real GUNS. O que é que o Real representa?

O Real antes de ser Real GUNS cantava Boom Bap. Era diferente. Depois ele foi para Inglaterra e quando voltou começou a lançar músicas como Real GUNS. Os “GUNS” são uma coletiva de pessoas que se juntam e representam o estilo de vida da rua. “GUNS” significa “G’s unidos na street”. O Real é verdadeiro naquilo que fala e diz. A cultura do Hip-Hop está diretamente relacionada com o estilo de vida que se leva nas ruas. O nosso objetivo é representar e realçar o lado bom dessa cultura. 

Nós começámos a trabalhar juntos do nada. Ele só sentiu a minha energia e sem me conhecer perguntou-me logo se eu queria fazer um EP com ele. E eu respondi que sim no momento, porque senti que havia confiança para lhe dar uma garantia de que estava naquilo a 100%. E foi essa a dedicação que coloquei no Escrevo Com Sangue desde o início. 

Gostas de fazer cada música à medida para o artista com quem estás a trabalhar?

Gosto, mas nem sempre posso fazer isso. Todas as músicas do Escrevo Com Sangue foram construídas, escritas e produzidas em conjunto com o Real. Seis das sete músicas são feitas de origem e todas usam samples de músicas antigas. No fundo pegámos numa semente que já foi cultivada por outra pessoa, trabalhámos essa semente, acelerámos beats, desacelerámos e criámos sonoridades novas. 

Tem a qualidade de um trabalho sério. 

O Real não é produtor, mas ele sabe como é que quer que os beats soem com um determinado sample. O Real já tem a ideia na cabeça dele e transmite-ma por palavras, por emoção, pela forma como está ali ao meu lado e pela energia que me passa.

Acho que há pessoas a trabalhar assim em Portugal, mas não há pessoas a fazer os projetos integralmente desta forma. 

Muitos destes projetos, como o com o Real GUNS, são projetos conjuntos. Tanto eu recebo dele, como ele recebe de mim. Há uma entrega mútua. Se calhar, não há uma remuneração monetária logo no início. Nenhum de nós está a receber. Mas se houver frutos, todos nós vamos receber. Somos uma equipa sem um rótulo. Um coletivo de pessoas que se conhecem e que se querem ajudar umas às outras.

Qual é o conceito por trás do Escrevo Com Sangue?

O conceito do trabalho é o que o nome diz. Escrevo com Sangue. O projeto é o resultado de todas as horas passadas a trabalhar neste álbum. Para mim esse é o meu “Escrevo com Sangue”. Para o Real este projeto é todo um acumular das vivências da vida dele. O Escrevo com Sangue tem vários temas. Tem o “Ilegal” que fala sobre a rua e sobre a ilegalidade. Tem o “Vivi Mal”, que fala sobre o sofrimento e sobre as coisas que o Real passou. Tem o “Escrevo com Sangue” que fala sobre como é que o Real está atualmente. Está tudo ligado. 

Sentes que a vossa linha de produção e sonoridade são inovadoras?

Se calhar o instrumental sozinho existe, se calhar a voz sozinha existe, mas a junção dos dois não existe. O Real já tem o público dele, mas o objetivo é expandir mais. Não largando o drill a 100%. Estamos a tentar criar um reportório novo, que foi o que o Real sempre quis, mas não tinha ninguém que o ajudasse. Os beats que estamos a fazer são os beats que o Real me disse que sempre sonhou ter, mas que não conhecia nenhum produtor que os fizesse. Para mim ouvir isso como produtor é um orgulho. 

E inclusive, ele chorou enquanto fazia o “Escrevo Com Sangue” no estúdio. Isso é louco. Fiz um artista chorar com a minha música. Sei que é uma grande música por causa da emoção desse momento. Essa música é das melhores do EP. 

Ao longo do desenvolvimento do Escrevo Com Sangue passaste por sítios incríveis e bairros que noutras circunstâncias talvez nunca viesses a conhecer. Sentes que cresceste com este projeto? 

Sou uma pessoa aberta, gosto de conhecer pessoas diferentes e estava farto de ver sempre as mesmas caras, portanto quis conhecer pessoas novas. Tenho um som com o Real que é o “Bem e o Mal”.  Eu venho de uma classe e de um meio em que tudo parece muito bonito e brilhante. Mas a realidade é tão mais do que isso. Há pobreza, há miséria. O mal e o bem andam por aí juntos, misturam-se e é importante ter noção da realidade que nos rodeia. Para viver realmente sem ilusões é importante ver o bem e o mal. 

Só neste ano em que comecei a produzir o Escrevo Com Sangue vivi imenso, fui a sítios em que nunca pensei sentir-me acolhido da forma que fui. Há muito mais humildade nos sítios por onde passei do que na classe de onde eu vim. 

Acho que é importante a capacidade que tu tens de navegar em diferentes meios, aprofundar diferentes temáticas e conhecer pessoas diferentes.  

Tem tudo a ver com crescer. Tenho muita sorte. O Real tem 33 anos e é uma pessoa com uma experiência de vida muito maior que a minha. Ele é uma pessoa na qual posso confiar, ensinou-me e ajudou-me a chegar a sonoridades que eu nunca pensei fazer. A idade não interessa.  O que interessa é a intenção com que fazes as coisas. O Real faz música há 15 anos e eu devo ter começado a tocar guitarra nessa altura. E por acaso agora cruzámo-nos. 

Qual é o género de música que preferes produzir?

O que eu curto mais de produzir são bandas e instrumentos. Hoje em dia faço as baterias digitalmente, mas gostava de ter um baterista com quem gravar. Tenho gravado saxofone com o João Arez. Ele tem um solo de saxofone incrível na música “Sabotagem”.

Atualmente o conceito de produtor é associado a beatmaking. Perdeu-se a verdadeira essência do produtor musical?

Sinto que sim. Mas vai voltar, e há pessoas aí como eu que querem realmente ser produtores e não só beatmakers

O meu objetivo a longo prazo é ter uma equipa de músicos e de produtores no meu estúdio. E eu estaria a coordenar essa equipa como produtor geral a dar o meu toque em tudo o que necessite de ser finalizado.

Portanto tu serias o maestro.

Maestro, Produtor. O que me quiserem chamar. Quero fazer os arranjos. Foi um bocado o que aconteceu comigo e com o Rodrigo quando estávamos a fazer o Screaming Butterfly. O Rodrigo já tinha ideias na cabeça para o “Nation of Insanity”. A sonoridade das trompetes já estava pensada. Foi ele que disse ao trompetista à minha frente como é que ele devia tocar as notas, enquanto as demonstrava na sua guitarra. 

Se tivesses de resumir a essência da música com 4 palavras, que palavras escolherias? 

A energia está em todo o tipo de música. E a criatividade também claro. Vida. É preciso viver a vida para fazer música, independentemente do lugar no mundo onde estás. Em último lugar acho que vou escolher amor

Não só por ter amor à música, mas também pela ligação, respeito e amor que tem de existir entre pessoas que fazem música em conjunto. Na minha opinião uma boa banda toca as suas músicas como se estivessem a fazer amor. São todos um só. Os Pink Floyd não pararam de tocar uma única vez durante o concerto ao vivo que deram em Wembley. As sincronizações e as passagens funcionam todas como um só. Quando eu toco guitarra eu e a guitarra somos um só.

Energia, Criatividade, Vida e Amor. Estas 4 palavras representam a essência da música para mim.

No dia 1 de Julho de 2022, o Real GUNS lançou o projeto Escrevo Com Sangue, que foi integralmente produzido pelo POTTER. Além disso, também produziu o último single lançado pela Cíntia: “No Stress No Money”.

Recentemente, o Mike montou e remodelou o seu novo estúdio onde tem trabalhado.

No dia 22 de setembro, o POTTER tocou no Festival Iminente no concerto do Real GUNS que aconteceu no palco CHOQUE, o palco mais notável do festival. Ele também ajudou a organizar a primeira edição do Street Summit em Lisboa promovido pelo Bangers Club, que juntou artistas nacionais e internacionais de drill e trap em Lisboa. 

O Mike tem muitas novidades a surgir, mas não as posso partilhar com vocês. Quem me dera poder.