The Blue Moods of Teison
Publicado no dia 30 de Outubro de 2024
Escrito por Manuel Estriga e Martim Plantier Varela. Fotografias de Martim Plantier Varela (p&b) & Manuel Estriga (cores).
Thies van Zon, um produtor musical nascido nos Países Baixos, viveu os primeiros anos da sua vida em vários países como Espanha, Alemanha, Polónia e Índia — os seus pais mudavam de residência frequentemente por razões profissionais — até regressar a casa aos 16 anos. Foi nessa altura que começou o seu projeto musical, Teison, que tem vindo a desenvolver em paralelo com os estudos, trabalho profissional e atuações como DJ. A sua jornada tem sido tudo menos linear, mas tem sido nos momentos de incerteza que o Thies tem encontrado o seu caminho.
Criar música exige coragem, dedicação e um esforço enorme — qualidades que o Thies possui. O seu compromisso com aperfeiçoar a sua arte e manter-se fiel à sua visão resulta constantemente em projetos bonitos, coerentes e repletos de emoção. Compor música com uma estrutura clara — início, meio e fim, e com um fluxo natural — não é tarefa fácil, mas o Thies consegue fazê-lo com uma paixão inabalável e uma autenticidade que admiramos profundamente.
Entre os dias 20 e 22 de maio de 2024, o Thies recebeu-nos na casa da sua família, na tranquila cidade de Medina-Sidonia, perto de Cádis, em Espanha. O Thies costuma retirar-se para lá quando precisa de se focar exclusivamente na finalização das suas músicas e projetos, longe das distrações do mundo. Com o lançamento iminente do seu próximo EP, Angels, decidimos visitar o Thies e o local onde a sua música ganha vida.
Durante os três dias que passámos juntos, aprofundámos a nossa ligação, explorámos a cidade e conversámos sobre música, a sua infância, influências, carreira, processos criativos, projetos, a sua vida em Copenhaga e o futuro. Foi uma experiência pacífica e enriquecedora, e esperamos que este ensaio transmita isso. Estamos imensamente gratos ao Thies e à sua maravilhosa família, que nos acolheram como realeza e tornaram a nossa estadia confortável, interessante e verdadeiramente agradável.
Recomendamos que tenham o Spotify do Teison aberto ao vosso lado enquanto leem a peça, para que possam ouvir qualquer uma das músicas mencionadas, se o desejarem. Recomendamos também que leiam a peça no computador.
O Thies encontrou-se connosco no aeroporto – a sua postura, calorosa e descontraída. Após uma breve troca de cumprimentos, entrámos no carro e começámos a nossa jornada. Seguimos pela estrada, ao som de Gazpa a tocar na aparelhagem, em direção ao nosso destino.
Pouco depois, o Thies sugeriu que parássemos numa estação de serviço para comermos uma tostada. Nós alinhámos logo, porque viajávamos desde o amanhecer e ainda não tínhamos comido. Ficámos entusiasmados com a ideia.
Uma hora e meia depois, chegámos a casa do Thies e fomos recebidos pela sua beleza e encanto. O primeiro a receber-nos foi o pai de Thies, que nos esperava na entrada de uma casa verdadeiramente magnífica.
O Thies começou por aprender saxofone muito cedo, mas foi apenas na Índia onde teve o primeiro contacto com produção musical. O seu professor de música fez com que o Thies se apaixonasse pelo Ableton (um programa usado para fazer música). O seu interesse por música eletrónica cresceu, o que o levou a passar horas a fio a ver tutoriais no YouTube sobre como produzir música. Foi também na Índia que o Thies começou a explorar a sua paixão por DJing e a tocar os seus primeiros DJ sets.
As aulas de piano e o estudo de composição, tríades, acordes e as bases da teoria musical foram o alicerce que permitiu ao Thies desenvolver o seu estilo de produção em torno de acordes e melodias.
Aos 16 anos, o Thies regressou a Amesterdão e fez uma pausa na carreira de DJ. Foi então que ele e o irmão, Stijn, começaram a colaborar no projeto musical, Teison, produzindo e interpretando várias músicas, incluindo “Floating Away” – o primeiro tema de Teison.
Aos 18 anos, quando entrou na faculdade, tornou-se cada vez mais difícil para o Thies encontrar o tempo e o foco para concluir as suas músicas. Sem um local adequado de trabalho e sem uma noção clara de que direção sonora seguir, o Thies deparou-se com um bloqueio criativo. Ainda assim, o Thies continuou a experimentar e a criar demos, se bem que nunca ficava satisfeito com estas. Frustrado com esta estagnação, decidiu pausar a Universidade durante seis meses para se dedicar exclusivamente à finalização de um EP. Conduziu até à casa dos seus pais, em Medina-Sidonia, Espanha, um lugar mágico que lhe oferecia paz, proximidade com o mar, e o tempo e espaço necessários para focar-se exclusivamente na sua arte. Durante sete semanas, o Thies refugiou-se nesta casa, onde produziu e finalizou várias músicas.
O exterior da casa é amplo, com uma grande variedade de plantas e árvores meticulosamente cuidadas, contribuindo para uma atmosfera tranquila. A arquitetura da casa conta a história de uma vida vivida entre culturas, com a sua mistura de tijolos, azulejos marroquinos e grandes portas de madeira. Os espaços interiores são vastos e abertos, com salas espaçosas decoradas com livros.
Em apenas quatro dias, o Thies compôs “Mi Alma”, uma música que lhe saiu naturalmente e reavivou a sua faísca criativa. O Thies descreveu a experiência como intuitiva e bonita, algo que disse nunca ter sentido antes. Com a orientação de Stijn na última fase, concluíram a produção do EP Mi Alma ao fim de sete semanas.
O processo criativo do Thies começa com a descoberta de acordes e melodias ao piano. Só quando essa base está consolidada é que o próprio passa à produção, fase essa com a qual não se dá muito bem. O Thies também incorpora gravações do seu dia a dia — som ambiente de locais como Copenhaga, Londres e Espanha — nas suas músicas, acrescentando assim uma profundidade pessoal aos temas.
Uma das suas músicas mais notáveis, “The Space in Between (Interlude)”, é uma peça de piano inspirada na sua avó (uma senhora que tocou piano durante toda a sua vida), que é acompanhada por uma gravação de voz da sua avó. Outra, “Under Stars”, foi composta ao ar livre, à noite, durante umas férias de família em Belize. O Thies tem o hábito de dar nome às suas músicas com base nos livros que está a ler, como por exemplo Uma Pequena Vida, que deu nome à faixa final de Mi Alma.
Com a ajuda do seu irmão Stijn, que quase assume o papel de um “Rick Rubin”, fizeram os retoques finais em Mi Alma. O Thies disse-nos: “O Stijn diz as coisas certas com a abordagem perfeita. Ele aperfeiçoou a abordagem de não expressar apenas a sua opinião, mas de também conseguir compreender e comunicar como é que uma música pode ser melhor e mais concisa.”
Após o lançamento do seu primeiro EP, o Thies teve um momento de surpresa quando a música “Mi Alma” chamou a atenção de &ME, um dos membros fundadores do grupo Keinemusik. Esse reconhecimento foi fundamental para alimentar a sua confiança e motivação para continuar a levar o seu trabalho mais longe.
Um pouco depois, conhecemos a mãe do Thies, cuja personalidade muito direta é tão marcante como a sua calorosa hospitalidade. Após uma breve conversa, fomos conhecer o estúdio.
Duas semanas depois de lançar Mi Alma, o Thies mudou-se para Copenhaga para iniciar um mestrado em Gestão de Processos Criativos na CBS. A cidade rodeou-o de indivíduos criativos com mentalidades semelhantes à sua e imergiu-o numa cena de clubbing vibrante, única e muito familiar. Determinado a perseguir o seu sonho com toda a seriedade, o Thies começou desde cedo a estabelecer contacto com clubes e promotores. O primeiro set que assegurou foi no Culture Box. Dois meses depois, e após alguns emails ignorados, o Thies conseguiu garantir um set de última hora no Hangaren, um clube icónico num antigo hangar de aviões. Isso abriu portas para oportunidades que nunca poderia ter imaginado, entre elas abrir para Ross from Friends e garantir um lugar no Karrusel Festival 2024.
Nos últimos dois anos, enquanto conciliava o seu mestrado, um trabalho de estudante e o DJing, o Thies também trabalhou no festival O Days em Copenhaga, como responsável pela hospitalidade dos artistas. Apesar do desafio que tem sido equilibrar todos esses compromissos com a produção de música, o Thies encontrou refúgio num estúdio onde trabalha nas suas músicas sempre que tem tempo livre. No entanto, o desafio de equilibrar todas estas responsabilidades dificulta a finalização das músicas, razão pela qual os seus retiros regulares para Medina-Sidonia são cruciais para o seu processo criativo.
O resto do dia — o primeiro da nossa estadia — desenrolou-se com tranquilidade. Após algum tempo para nós próprios e uma merecida sesta, aventurámo-nos os três até à Medina. As vistas estendiam-se pelos campos e iam ao encontro do horizonte. Tal como uma mosca limita o seu voo quando confinada, a mente humana também necessita da capacidade de ver o horizonte — e além — para expandir os seus pensamentos.
Explorámos o labirinto de ruas estreitas e caiadas, como fantasmas perdidos numa aldeia esquecida. Finalmente, encontrámo-nos na praça principal, onde nos sentámos a saborear um café enquanto continuávamos a nossa conversa.
As sombras estavam a ganhar cada vez mais terreno na praça, sinalizando-nos que era altura de regressar a casa. A nossa presença era esperada ao jantar, e o desvanecer da luz do dia era o nosso lembrete de que a noite estava à espera.
Angels, o segundo EP de Teison, está em desenvolvimento há dois anos. Durante este tempo, Thies tocou em muitos clubes em Copenhaga, o que despertou o seu interesse por House e Techno. No entanto, à medida que trabalhava no EP, foi-se apercebendo que fazer club music na sua forma convencional não era a sua verdadeira natureza. Para Thies, cada música começa no piano, com acordes simples, mas bonitos.
O seu processo envolve muita experimentação, criando demos aleatórias até encontrar os acordes certos, que depois se tornam o núcleo das suas músicas. “Normalmente sei desde o início se algo vai ser bom,” diz Thies. Assim que encontra os acordes certos, desenvolve-os para que estes se tornem na base da música a ser desenvolvida. O desafio muitas vezes está em decidir a direção da produção, pois as inúmeras possibilidades criativas podem levar a incontáveis versões do mesmo tema. “Demasiadas possibilidades matam todas as possibilidades,” admite o Thies.
Para finalizar Angels, o Thies viajou novamente para Medina-Sidonia, onde passou três semanas e meia em janeiro. O seu irmão Stijn foi novamente essencial para determinar quando é que as músicas estavam realmente concluídas. “Sozinho, não faço ideia,” confessa Thies, grato pelo contributo de Stijn.
Durante a sua última estadia em Medina-Sidonia, Thies tomou a decisão consciente de não ouvir nenhuma música enquanto compunha Angels. Isso provou ser essencial, permitindo-lhe criar sem ser influenciado por sons externos. Como Thies disse: “Foi bom não ouvir música quando as coisas não estavam a correr bem. Preencher esse espaço com outra música teria iludido o processo.” Essa quietude permitiu-lhe focar-se apenas na música que imaginava e que queria compor, embora reconheça que ninguém consegue replicar completamente a música que tem na mente. “É por isso que continuas a fazer música,” acrescenta, “é por isso que continuas a lançar música.”
As sombras estavam a ganhar cada vez mais terreno na praça, sinalizando-nos que era altura de regressar a casa. A nossa presença era esperada ao jantar, e o desvanecer da luz do dia era o nosso lembrete de que a noite estava à espera.
Em Medina-Sidonia, o Thies desenvolveu uma rotina: iniciava as manhãs com um pouco de journaling seguido de longas horas de trabalho no estúdio. As tardes eram para relaxar junto à piscina ou caminhar — uma tentativa de desbloquear a inspiração quando o trabalho não progredia. Um dos seus maiores desafios foi aperfeiçoar “Angels (Long for Tears of Joy),” que passou por 20 versões antes de ser reduzida aos seus elementos principais: harpa, acordes e breakbeat. O Thies percebeu que “os elementos essenciais estavam lá desde o início.”
O título “Angels (Long for Tears of Joy)” acompanhou o Thies durante muito tempo após ter ouvido essa frase pela primeira vez há dois anos. A premissa é a ideia de que, se os anjos existissem num suposto céu, num lugar sem lágrimas, ansiariam por lágrimas de alegria e gratidão. São exatamente esses sentimentos que ele tenta alcançar na música que produz — “sentimentos profundos e agridoces de gratidão, alegria e, por vezes, tristeza. Isso é o que este EP significa para mim.” Este processo de reflexão ajudou a moldar a profundidade emocional de Angels, um projeto que representa não só a jornada musical de Thies, mas também o seu crescimento pessoal.
Acertar nas vozes para “Blue” foi um processo de tentativa e erro para Thies e Stijn. Passaram inúmeras horas a refiná-las. Como Thies explicou, “As vozes adicionam sempre algo especial; ancoram uma peça eletrónica e dão-lhe um toque mais humano.” Para Thies, capturar o take vocal certo exige solidão, foco intenso e muito tempo para experimentar. O título “Blue” foi inspirado no ensaio de Rebecca Solnit, Blue of Distance, onde a autora explora o azul e como esta cor pode evocar uma sensação de distância e mistério, uma ideia que ressoou profundamente com o Thies enquanto este desenvolvia a arte do EP.
“To Love is To Let Go” começou com uma progressão simples de acordes criada no computador. Thies depois transferiu o padrão MIDI para o seu sintetizador OB-6, onde manipulou o som com os seus botões. A inspiração para este tema veio da experiência de Thies numa relação à distância, onde aprendeu que amar significa aprender a largar e a deixar as coisas seguirem o seu rumo — um tema que se reflete no título da música.
No dia seguinte, no estúdio, a luz solar entrava pela janela, lançando um brilho perfeito sobre o OB-6, o seu querido sintetizador, o instrumento através do qual criou Angels. O seu processo criativo permanece um enigma. Os sons que conjura e os gestos que faz pertencem a um reino inteiramente único para ele. Há uma certa imprevisibilidade em tudo isso, à medida que as versões acumulam-se sem um destino claro à vista.
Refletindo sobre o tempo que passa entre a conclusão de um projeto e o seu lançamento, Thies comentou: “É estranho o tempo que passa depois de acabar algo. Mas aprendi que apressar as coisas não adianta. É bom deixar um projeto descansar, para ter certeza de que está realmente terminado antes de seguir em frente.” Desde os seus primeiros dias como produtor, o Thies abraçou a importância de deixar o seu trabalho respirar, garantindo que, no momento de lançamento, é algo em que realmente se revê. Esta abordagem cuidadosa e com base em muita reflexão ajuda a garantir que cada uma das suas músicas tem tempo para amadurecer antes de ser partilhada com o mundo.
Sempre que Thies e Stijn terminam as suas sessões de produção em Medina-Sidonia, têm o ritual de mostrar os temas finalizados aos seus pais. Como Thies descreve, “É super querido; eles sentam-se em duas cadeiras com os olhos fechados. Eles nunca ouviram música eletrónica, mas lá estão eles, a abanar a cabeça ao som do Angels.” Essas sessões de audição tornaram-se momentos queridos – uma mistura entre o apoio familiar com o culminar do trabalho criativo do Thies.
O sol começava a descer no horizonte quando entrámos no carro e partimos em direção a El Palmar. Tínhamos meia hora de viagem pela frente e, neste ponto — após um dia e meio com o Thies — encontrávamo-nos a descobrir novas perguntas e ideias que não antecipávamos no nosso plano inicial. Aproveitámos esse momento para explorar esses pensamentos.
Uma pequena vila à beira-mar, com uma longa estrada ladeada de um lado por inúmeros negócios à beira da praia e, do outro, o oceano infinito. O Thies costuma surfar nesta área, razão pela qual estávamos lá. O surf faz tanto parte da sua rotina criativa quanto sentar-se à secretária para compor. A praia estende-se infinitamente, uma vasta extensão de areia que parece não ter fim.
Estacionámos o carro no final da estrada, apenas para perceber que o sol ainda estava demasiado alto para as fotografias que queríamos tirar. Então, voltámos ao carro e, naturalmente, passámos o tempo em conversa. Nesta conversa, surgiram mais perguntas.
Para o Thies, a essência da criação reside na sua origem humana — pessoas que escolhem criar algo apenas porque querem, sem grande necessidade ou urgência. “É isso que a música é,” reflete o Thies. “Os humanos criam coisas sem uma grande razão. Não há urgência. É uma forma societal de comunicarmos e de darmos significado ao mundo.” O Thies encontra fascínio não só na música em si, mas no ato de mergulhar nas histórias e processos por trás dela, o que aumenta a sua apreciação pelo trabalho.
A continuidade entre os dois EPs de Thies, Mi Alma e Angels, é marcada pelo ponto final comum: Medina-Sidonia. Angels parece uma progressão natural de Mi Alma, mostrando a evolução de Thies como artista. Com este novo lançamento, Thies sente que está mais perto de encontrar o seu som do que estava há dois anos.
A capa de Angels foi um esforço colaborativo entre o Thies e o fotógrafo Jakob A. Reimann, que captou com sucesso a estética visual que o Thies imaginou para o EP. O uso de azuis escuros e vermelhos evoca uma ligeira melancolia, e a inclusão de imagens do oceano remete para a conexão pessoal de Thies com o mar e o seu processo criativo. “Queríamos capturar os azuis escuros e os vermelhos,” explica Thies. “Para mim, é a isso que a música soa.”
Fotografias de Jakob A. Reimann, design por Thies van Zon.
É fascinante como a nossa amizade com oThies, ao longo destes últimos dias, aprofundou a nossa conexão com o seu trabalho. Os paralelos entre as nossas jornadas como jovens criadores são reconfortantes. Esforçamo-nos por criar algo que ressoe verdadeiramente connosco, nutrindo-o ao longo do tempo, e esperando, eventualmente, partilhá-lo com o mundo. Há sempre a incerteza sobre a qualidade do que produzimos — a questão de saber se está terminado ao seu potencial máximo ou não. É bom voltar à essência do porquê de contarmos histórias: para nos conectarmos mais profundamente com a nossa humanidade partilhada e percebermos que, no fim, os nossos mundos não são assim tão diferentes.
À medida que o sol descia, caminhámos pela areia e pelas dunas. Neste ponto, já tínhamos descascado a maior parte das camadas de nos conhecermos; uma sensação de calma instalou-se entre nós os três, reforçada pela paisagem serena. Sem pressa, captámos as imagens que queríamos e depois decidimos que era hora de encontrar algo para comer.
Entretanto, o Thies continua a trabalhar em outras faixas que estão a ser desenvolvidas há algum tempo, incluindo uma particularmente desafiadora intitulada “Kafka.” Depois do que quase parece ser 400 versões, a música ainda não encontrou o seu rumo. O Thies admite que o seu processo criativo é lento e profundamente pessoal, o que faz com que raramente colabore com outros. “Acho difícil encontrar um meio-termo entre os gostos e expectativas de duas pessoas,” explica ele. Prefere esculpir a música sozinho, com uma visão clara do que quer que o projeto Teison seja e não seja.
Apesar disso, Stijn continua a ser o seu colaborador ideal — alguém que não impõe, mas que orienta o Thies para onde ele precisa de ir. “Nenhum destes EPs teria sido concluído sem ele,” reflete Thies, apreciando o equilíbrio que o seu irmão traz ao processo.
Olhando para o futuro, Thies espera comprometer-se totalmente com a música. O sonho é estruturar o seu processo criativo como uma semana de trabalho regular — talvez trabalhando em part-time, enquanto dedica o restante tempo ao trabalho de estúdio. “Haja ou não inspiração,” diz Thies, acreditando que a consistência e tratar o estúdio como uma rotina pode ajudá-lo a ser mais produtivo e a criar mais música.
O sol desce abaixo do horizonte enquanto o nosso tempo em Medina-Sidonia chega ao fim. O Thies já se prepara para o que se segue, mas, por enquanto, a paz deste lugar reflete-se nas melodias que ecoam do seu estúdio — um testemunho do poder do silêncio e da solidão no processo criativo.
Podem encontrar o Teison no Instagram e no Bandcamp.
Podem encontrar o EP Angels em todas as platformas.